13.4.06

Espiral

Põe um disco pra tocar,
e roda, roda, roda, pra dentro, sempre, pra sempre, dentro.
Dá cá teu dedo e eu desenho no ar,
teu dedo indicador dá voltas no ar, desenha a via láctea, a estrada de casa, as sombras no escuro, desenha a forma do meu coração,
do meu peito,
como ele arfa,
como ele cala.
Roda, roda, menina, a menina roda, como quando era criança,
a moça,
um buraco, um vazio, um nada que puxa, que suga, que abraça e cobre e circunda,
e sufoca de ar.

Agora, com o mesmo dedo,
faz shhh,
me manda parar de falar.

Me bota na cama, me afaga, roda pra dentro, no fundo, no fundo, no dentro, que é oco, que é vácuo, é espaço. Preenche a idéia, tapa o infinito, dança comigo,

pra nunca,
nunca,
nunca
parar.