14.4.06

baby's in black

Eu me visto de preto -
ela mudou de nome, de endereço,
e o mesmo lhe vai ao peito.
Eu ainda escuto os teus passos a subir a mesma escada,
e eu atrás, tropeçando;
você já notou que eu não tenho nenhum,
nenhum sapato confortável?
Há que haver um resto de energia em qualquer lugar,
e eu tenho que poder gritar,
eu tenho que poder matar,
sem vergonha,
sem pudor,
sem mais.
Ela mudou de nome, de endereço,
e é ainda sempre a crônica do fim do amor.
Que a gente passou muito mais tempo a desconstruir que a se apaixonar.
E eu tenho que poder -
luto, luto, luto -
é o fim,
eu tenho que poder acreditar,
eu tenho que me forçar,
doer,
chorar,
enfiar a cara no travesseiro.
Eu tenho que enterrar não você, meu coração.
Trocar a segunda pessoa,
passar à terceira.
Ele,
ele,
ele
foi,
se foi.

+++

"Être adulte, c'est être remplacée."

+++

saudade

às vezes, principalmente no cinema,
quando você segurava minha mão,
fazia um carinho com o dedo indicador
que me incomodava,


1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

mais, do mesmo: melhorando, melhorando, a cada dia.

11:50 da tarde  

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