12.9.06

alice

Sabe o que eu queria escrever hoje? Uma historinha!
É engraçado e passa longe da pretensão, é que eu escrevo fácil. Um bom adjetivo: eu não construo nada. Meio como um zé ninguém assobiando numa esquina qualquer (canção abafada, claro, por buzinas e gritos e essa massa de som que não é especificamente coisa nenhuma).
As palavras são só conjuntinhos de letrinhas e eu escrevo lendo, pré-lendo, relendo, é mesmo uma música. Eu digito rápido, mas só com três dedos. Sim, três. Dois na mão direita, um na esquerda. Uso mais um na esquerda quando é o caso de til ou crase.
Há certas coisas que, se pararmos pra pensar nelas, não conseguimos fazer. Respirar. Às vezes no meio do trânsito eu esqueço como se dirige.
Mentira.
Eu adoraria escrever uma historinha, representar. Na minha vida é tudo tão cru, tão exposto: sempre eu.
Levante a mão quem nunca recebeu de mim uma rajada de sinceridade! Que fosse agressiva, desconcertante ou boba. Ou constrangedora. Minhas mãos são grandes; talvez eu ainda devesse aprender a tocar piano. Tão desastrada.
O tempo passou mais rápido do que deveria (mais uma vez). Meu quarto é feito do silêncio muito particular de um tic tac de relógio, tic tac, tic tac. Só quando eu presto atenção eu ouço. Um silêncio muito particular me vai ao peito.
Eu repito: já é tão tarde pra começar. Ou pra dormir. Eu queria ter a quietude da respiração constante de outra pessoa aqui. Seria como um beliscão no meio do pesadelo.