30.9.06

eu, e ele

Tem que doer sempre,

desde que
desde antes
desde

lado direito
lado esquerdo

um desequilíbrio.

(São quantos quilômetros tantos gritos silêncios calares, são tantas palavras quanta gente e essa enxaqueca como uma valsa bolero marcha.)

Tudo se divide em duas partes
e
depois que eu tomei o analgésico
o lado que doía acalmou
e então
foi a vez de o outro latejar

mais forte.

Um dia e uma noite e outro dia.

Não é só porque os olhos dele,
duas lascas pretas,
sorriem como braços abertos
- quando sorriem;

é que
vem dele um cheiro morno
e nele eu me encontro
eu me esqueço.

Longe dele eu me perco:
a voz o peito
como bússola.

Defina alegria: o insustentável.

O equilíbrio: colapso.