7.11.06

Vioxx

Você não vê que o rosto tá sempre prestes a se encharcar;
muito triste, que mesmo quando eu rio.
Que, quando eu rio, ah, muito mais.
É que eu já não abraço o mundo -
correm aqui dentro veias escuras, fios de aço.
Que eu não abro os braços porque é o pulso que se fecha;
não danço mais, o quadril rijo.
E o tempo passa rápido e sempre mais: unha-de-gato, garra-do-diabo.
Eu vejo do outro lado do espelho; não é bonito -
a velha encarquilhada, mãos tortas, poesia amarelenta.
Que ninguém gosta de gente infeliz,
que o meu texto é sujo, triste e pobre.
Que eu uso adjetivos demais e que
o mundo fecha os olhos pra tudo o que eu vejo.


1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Vale um ataque cardíaco;

12:21 da manhã  

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