16.6.08

de perto, são só pedras

Restam poucos dentes
nos poucos habitantes
da terra da minha mãe.

Sobram batatas
apesar dos ratos, caracóis, chuvas
que também eles sobram.

Restam dentes e alegrias
Sobram lamentações.

A casa da velha senhora, eu pensei em fotografar.
Pudor,
preguiça.

Na cadeira de plástico em que me recebeu,
na cozinha (o forno fica fora da casa):
As batatas sujas, e as couves sujas, sobre a mesa suja, eram espetáculo para centenas de minúsculos insetos que turvavam meus olhos e deixavam minha boca áspera.
Para a velha senhora: nada.
(Minha presença: brilho.)

Por sob a placa, sou toda pressa
e fuga
do rio que não conheci
do cume em que já não fui,
dos pensamentos que só deixo entrar ao avistar, enfim, a minha terra,
que, sem passado, nunca está.