26.11.07

Domingo

Metade de um mundo perfeito:
a água escorre suja embaixo dos meus pés,
o esmalte sempre tão velho; meia unha já se vê de cor de unha, carne desbotada, meia lua, no céu o Cristo.
De todos os lugares, as mesmas montanhas: metade de um mundo perfeito.
A mesma gata busca com as orelhas meu carinho, o mesmo gato ilumina o quarto com os olhos amarelos: os mesmos pêlos no lençol, eu desperdiço ainda o tempo.
Escorre, escorre, escorre.
As palavras fora de controle: escorrem, escorrem, escorrem; as músicas sempre tão tristes.


4.11.07

91

pedro olha
as luzes que se apagam
e se acendem
(gosta de olhar)
a confluência dos televisores
a disfluência de vidas
varais
lâmpadas frias
crianças voando das varandas
(e fica triste)
no escuro
nossos pés sem foco
nossos olhos baços
e la nave va.