26.3.07


A segunda-feira não existe.

Ele que escreveu poemas de amor;
o outro que foi embora;
todos os outros, que nunca chegaram.

Você numa sala trancada, vazia:
nada mais sai daí: nem uma lágrima.

Como querer que o tempo passe logo
porque não há nada a fazer;
querer que o tempo não passe:
tanto a fazer.

Nem uma palavra.


8.3.07

gavetas bagunçadas de novo
te ver é fazer reservas contra o absurdo
amor é comunicação.


5.3.07

diário íntimo 2

E de novo.

Dentes de criança
e depois dentes cravados
e marcas e lembranças,
poucas,
em vãos perdidos
e erros desperdiçados.

Ele segura firme
a minha cintura,
e eu que não danço,
Eu que muito sorrio,
pouco sorrio,
nada esqueço;
Ele me conduz, eu deixo.


2.3.07

posta-restante

Pedras na cabeça,
no peito,
nos bolsos,
pesam.

Nada de dinheiro,
Nada de amor
em casa,
Essa minha geração de românticos
e/ou
capitalistas.

Um punhado de palavras sem resposta possível
Se perdem,
acumulam,
Pedras na cabeça nos bolsos no peito,
pesam.

Guardo isso tudo em mim,
nada de dinheiro.